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18/07/2025 - 18:33 Ibovespa cai ao menor nível em quase 3 meses com 'efeito Bolsonaro'

A palavra-chave Bolsonaro se impôs aos negócios com ativos brasileiros nesta última sessão da semana, pautada ainda pela tensão comercial e política entre Brasil e Estados Unidos iniciada pelo presidente Donald Trump ao vincular sobretaxa de 50% a importações de um país, cujas instituições, segundo ele, estariam injustamente perseguindo o ex-dirigente - a quem não tem como "amigo", mas a quem Trump considera um homem "honesto". A escalada da confusão entre política doméstica e relações exteriores lançou os ativos daqui em espiral negativa, com o Ibovespa no menor nível de fechamento em quase três meses.

Nesta sexta-feira, 18, o índice da B3 oscilou entre mínima de 133.295,60 e máxima de 135.562,46 pontos, nível correspondente à abertura do dia. Ao fim, mostrava perda de 1,61%, aos 133.381,58 pontos, no menor nível de encerramento desde 23 de abril, então aos 132.216,07 pontos. O giro financeiro nesta sexta-feira de vencimento de opções sobre ações subiu para R$ 26,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa registrou perda de 2,06%, após retração de 3,59% no intervalo anterior. No mês, recua agora 3,94%, reduzindo o avanço do ano a 10,89%. Em porcentual, a perda de hoje foi a maior para o Ibovespa desde 4 de abril, quando havia cedido quase 3% (-2,96%).

A correção em curso no principal índice da Bolsa brasileira o afasta um pouco mais da máxima história de 141 mil pontos, sustentada no fechamento de 4 de julho, há exatamente duas semanas. De lá para cá, vieram dez sessões e, em apenas duas delas, ontem e anteontem (ambas por muito pouco), conseguiu escapar do campo negativo. No fechamento de 4 de julho, recorde histórico, o Ibovespa acumulava ganho de 17,44% no ano, e subia 1,73% no mês, no agregado de quatro sessões.

Trump só recuará na política tarifária contra o Brasil se obtiver uma "sensação de vitória" e é isso que o Brasil precisa entregar do ponto de vista psicológico. A avaliação foi feita durante reunião do grupo LIDE, hoje, com empresários em São Paulo, segundo fontes ouvidas pela Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), reportam as jornalistas Caroline Aragaki e Júlia Pestana. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) apostam em nova reação de Donald Trump após Bolsonaro se tornar alvo de busca e apreensão e de medidas cautelares, reportam as jornalistas Adriana Victorino e Bianca Gomes, do Estadão.

A expectativa dos bolsonaristas é de que Trump "dobre a aposta" no apoio ao ex-presidente brasileiro e anuncie novas tarifas ou mesmo uma retaliação direta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes autorizou a operação da Polícia Federal ocorrida nesta sexta-feira - em que Bolsonaro passou a ser monitorado com uma tornozeleira eletrônica e a quem foi determinado afastamento de redes sociais, bem como restrição de deslocamentos e proibição de falar com o filho Eduardo, que decidiu morar nos Estados Unidos.

Ainda no começo da tarde, a Primeira Turma do STF formou maioria para manter as medidas restritivas impostas ao ex-presidente pelo ministro Moraes. Acompanharam o relator da ação os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin. Com a maioria atingida no plenário virtual, as medidas cautelares impostas por Moraes foram referendadas. Ainda faltavam os votos dos ministros Luiz Fux e Carmen Lúcia: a sessão virtual foi aberta ao meio-dia e se estende ao fim da noite desta sexta-feira.

"Mais um dia ruim para o fechamento da sessão e da semana, vinculado a questões associadas a decisões do STF, com a operação da PF sobre Bolsonaro que pode elevar a agressividade do governo Trump contra o Brasil", diz Bruna Centeno, economista, sócia e advisor na Blue3 Investimentos. "Na carta aberta de ontem (quinta, 17), em novo apoio público de Trump ao ex-presidente brasileiro, não passou despercebida ao mercado a observação de que a Casa Branca continuará monitorando de perto a situação política no Brasil", acrescenta a economista, observando que a questão tarifária dos EUA com relação ao Brasil segue em terreno instável e movediço.

"Há uma escalada da disputa, com reverberações também, positivas, para a popularidade de Lula em retomada para a eleição de 2026, de que Bolsonaro não poderá participar por decisão do STF. E a Bolsa tem sentido, refletido tudo isso, com efeito também para o câmbio, em alta do dólar frente ao real, e para a curva do DI, que avança", diz Bruna.

Para Felipe Papini, sócio da One Investimentos, a acentuação das perdas do Ibovespa à tarde, assim como a alta do dólar - a R$ 5,58 no fechamento - e a pressão observada na curva de juros doméstica, também se relaciona à virtual coincidência entre a carta de ontem, de Trump, e a operação da PF nesta sexta-feira. Uma justaposição que pode ser interpretada pelo viés de causa e efeito: um combustível que acentua incertezas com relação ao uso da arma comercial pelo segundo maior parceiro do Brasil - os EUA sob Trump - para manter o cerco sobre questões domésticas do país, como as deliberações do STF.

"Há o temor real de que Trump use a situação para justificar uma escalada tarifária contra o Brasil, o que pegaria, diretamente, setores mais exportadores, como o agronegócio, a aviação e a manufatura", resume Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital, acrescentando que o dia de vencimento de opções sobre ações favoreceu, também, uma atitude mais cautelosa dos investidores - o que resulta em "movimento natural de busca por proteção e a redução de exposição ao risco Brasil".

Assim, na B3, dentre as ações de primeira linha, a principal delas, Vale ON, conseguiu encerrar o dia no campo positivo, moderadamente (+0,48%). Apenas 12 dos 84 componentes do Ibovespa fecharam a sessão em alta, com destaque para Vivara (+1,35%), Engie (+1,04%) e Taesa (+0,68%). Na ponta oposta, Braskem (-7,59%), Yduqs (-7,45%) e B3 (-5,60%). Entre as blue chips, Petrobras recuou 1,49% (ON) e 1,53% (PN), em dia de ajuste muito discreto na cotação do petróleo, em leve baixa. Entre as maiores instituições financeiras, as perdas foram de 1,82% (Itaú PN) a 5,19% (Santander Unit, na mínima do dia no fechamento assim como Bradesco ON: -2,32%).

Contudo, depois de duas semanas consecutivas de perdas para o Ibovespa, o mercado volta a ponderar chance de reação na próxima semana, conforme o Termômetro Broadcast Bolsa. Na edição da última sexta-feira, 80% dos participantes esperavam que o índice terminasse a atual semana perto da estabilidade, enquanto 20% esperavam recuo. Para a semana que vem, a estimativa de alta volta ao radar, com 57,14% dos participantes confiantes na valorização. Para 28,57%, o índice ficará perto da estabilidade, enquanto 14,29% esperam queda.

Ainda há questões importantes em aberto que dificultam a orientação direcional da Bolsa brasileira, ressalta Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. "Incerteza predomina com o tarifaço de Trump: não se tem resposta concreta com relação ao que ainda pode acontecer, se de fato os dois países vão se sentar para negociar e chegar a um acordo comercial ou se o Brasil vai aplicar a reciprocidade. E também não se sabe se os Estados Unidos poderão aumentar, ainda mais, as tarifas", acrescenta.

Nesse sentido, de acirramento da tensão bilateral, Trump reiterou hoje que o grupo Brics - do qual o Brasil é um dos fundadores - "tenta acabar com o domínio do dólar" e que, dessa forma, aplicará tarifas de 10% aos países que compõem o bloco. "Não podemos deixar que ninguém brinque com a gente, com o nosso dólar", afirmou.

Trump disse também que os Estados Unidos têm "grandes acordos comerciais para anunciar muito em breve" - e que decisões podem ser divulgadas ainda nesta sexta-feira. "Toda carta que enviamos já é um acordo comercial. Depois, podemos negociar de novo", acrescentou.

Para os estrategistas do Citi, as tarifas de Trump aumentam a incerteza em um cenário já nebuloso no Brasil, em meio aos embates do Planalto com o Congresso. E pela retórica da Casa Branca, o presidente americano tem mostrado menos apetite para negociações, adotando postura mais firme, o que inclui a relação com Brasília. Em relatório, o Citi espera que algum tipo de negociação reduzirá a tarifa de 50% para a casa dos 20%, mas com a ressalva de que o caminho para isso será "longo e tortuoso" - como na clássica canção dos Beatles, "The Long and Winding Road", reportam os jornalistas Altamiro Silva Júnior e Aline Bronzati, da Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Fonte: Estadão Conteúdo
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Fonte: Q10/Estadão Conteúdo
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